quarta-feira, 9 de março de 2011

9-03-2011

http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2011/3/reveja-na-integra-o-discurso-da-tomada-de-posse-do-presidente-da-republica09-03-2011-17353.htm?wbc_purpose=basi154



Tenaz orçamental"

O Presidente da República considerou ainda "imperativo" melhorar a qualidade das políticas públicas, lembrando que Portugal está submetido a uma "tenaz orçamental e financeira" e apontando "princípios de orientação estratégica", como o combate ao desemprego.

Num discurso de 15 páginas, Cavaco Silva dedicou grande parte da intervenção à situação do país, lembrando que Portugal está hoje submetido "a uma tenaz orçamental e financeira", com o orçamento "apertado do lado da procura e o crédito apertado do lado da oferta".

Um quadro que, referiu, afeta o crescimento económico e qualidade de vida das famílias e não deve ser ignorado, devendo todos apreender a "urgência de atuar".

Considerando que "é imperativo melhorar a qualidade das políticas públicas", Cavaco Silva pediu a avaliação "devida e atempada" de todas as decisões do Estado, porque não se pode correr o risco de prosseguir políticas públicas baseada no "instinto ou no mero voluntarismo".

Dado o "contexto difícil", Cavaco Silva disse ser uma imposição o Presidente da República contribuir para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia.

Assim, continuou, a nível estrutural é necessário uma aposta inequívoca nos setores de bens e serviços transacionáveis, estimular a poupança interna e reafetar crédito para pequenas e médias empresas.

Paralelamente será necessário reformas estruturais para diminuir o peso da despesa pública e reduzir presença excessiva do Estado na economia, "uma gestão rigorosa" das contas públicas, acrescentou.

A nível conjuntural, referiu, é necessário "um esforço determinado" no combate ao desemprego, ao mesmo tempo que há que apostar nas "iniciativas locais de emprego".

"Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas", declarou.

Consensos políticos e estabilidade

O Presidente da República defendeu, por outro lado, que a estabilidade política deve ser aproveitada para resolver os problemas do país, apelando a consensos políticos e sociais alargados.

"A estabilidade política é uma condição que deve ser aproveitada para a resolução efetiva dos problemas do país", defendeu o chefe de Estado.

Depois de ter dedicado parte da sua intervenção na tomada de posse para um segundo mandato em Belém a fazer um diagnóstico da situação do país, Cavaco Silva reiterou a ideia de estar em causa "um esforço coletivo", sendo por isso importante que "Governo, Assembleia da República e demais responsáveis políticos assumam uma atitude inclusiva e cooperante".

Desta forma, salientou, o caminho deve passar por um "programa estratégico de médio prazo, objeto de um alargado consenso político e social".

"Espero que todos os agentes políticos e poderes do Estado e os agentes económicos e financeiros estejam à altura das dificuldades do momento e deem sentido de futuro aos sacrifícios exigidos aos portugueses", sustentou.

Da sua parte, logo no início da intervenção, Cavaco Silva tinha prometido cooperação ao Governo, a quem prometeu "uma magistratura ativa e firmemente empenhada na salvaguarda dos superiores interesses nacionais".

Outra das promessas deixadas pelo chefe de Estado foi a de ser "rigorosamente imparcial" no tratamento das diferentes forças políticas, "mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição".

"Serei Presidente dos portugueses que me honraram com o seu voto, mas também daqueles que o não fizeram", assegurou.

"Sobressalto cívico"

O Presidente da República defendeu, noutra passagem da sua intervenção, a necessidade de "um sobressalto cívico" e de recentrar a agenda de prioridades, lamentando que "muitos dos agentes políticos" só conheçam um "país virtual e mediático".

"É necessário um sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos", afirmou o chefe de Estado no discurso da tomada de posse para um segundo mandato em Belém.

Considerando ser hora dos portugueses "despertarem da letargia" em que têm vivido, o chefe de Estado sublinhou a importância de todos assumirem as suas responsabilidades, ao mesmo tempo que se recentra a agenda das prioridades, colocando de novo a pessoas no centro das preocupações coletivas.

"Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático", acusou, alertando que os portugueses não são "uma estatística abstrata".

Reafirmando o papel absolutamente "nuclear da família", Cavaco Silva defendeu uma "política ativa" para esta área.

Voltando a recuperar uma ideia já por si transmitida ao longo do primeiro mandato que "os jovens não podem ver o seu futuro adiado" devido às opções erradas que são tomadas no presente, Cavaco Silva frisou a importância do "exemplo" que deve ser dado de uma "cultura de mérito", porque as nomeações para a administração não deve ser pautada pela "filiação partidária" ou "simpatias políticas".

Numa parte particularmente forte do seu discurso, Cavaco disse ser fundamental "um novo modo de fazer política" que atraia os jovens.

Apelo aos jovens

O Presidente da República apelou, aliás, aos jovens para que ajudem o país, defendendo que "devem fazer ouvir a sua voz", mostrando que não se acomodam nem se resignam.

Já no final da sua intervenção, Cavaco Silva deixou uma nota de otimismo, frisando a sua convicção de que existem "razões de esperança" e, dirigindo-se diretamente aos jovens, fez um "vibrante apelo":

"Ajudem o vosso país! Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo", pediu, frisando a necessidade dos jovens mostrarem "às outras gerações que não se acomodam nem se resignam".

Evocando a revolução do 25 de Abril, o chefe de Estado lembrou que o país já atravessou dificuldades, mas foi sempre capaz de ultrapassá-las.

Agora, há que aproveitar "o enorme potencial desta nova geração", porque este é o seu "tempo".

"Mostrem a todos que é possível viver num país mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna", defendeu.

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