http://sic.sapo.pt/online/video/programas/mais-mulher/2010/11/pros-e-contras-do-online24-11-2010-152911.htm
O que posso descobrir sem saber o que procuro
em tectos lisos brancos frios?
As janelas fecham-se sobre o que deve ser o mar
o que serão as luzes douradas do porto
Tenho saudade silêncio noite aqui
não encontro o que procuro.
Folheio um livro, leio:
A noite abre os seus ângulos de lua
E em todas as paredes te procuro
A noite ergue as suas esquinas azuis
E em todas as esquinas te procuro
A noite abre as suas praças solitárias
E em todas as solidões eu te procuro
Ao longo do rio a noite acende as suas luzes
Roxas verdes e azuis
Eu te procuro.
(Poema de 1961, página 169, in Antologia, Sophia de Mello Breyner Andresen)
Não, já não, não estou só. Talvez o mar não esteja lá, o barco tenha partido arrastando suas luzes douradas, e as mesmas janelas abram para a paisagem vagamente florida e doce e fresca. E eu diga: de manhã, encontrei a casa onde sempre voltarei.
Mesmo que me prometas a imortalidade voltarei para casa
Onde estão as coisas que plantei e fiz crescer
Onde estão as paredes que pintei de branco
(página 252 da mesma antologia)
via
http://zildacardoso.blogs.sapo.pt/
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